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A Nintendo vive dias complicados e os lucros da companhia caíram cerca de 30% nos últimos nove meses de 2013 face ao período homólogo. A justificação para esta queda prende-se com a fraca adesão da Wii U. A consola doméstica continua sem dar sinais de recuperação e o resultado da Nintendo só não é mais preocupante graças ao bom desempenho da 3DS. Satoru Iwata admitiu a necessidade de uma reviravolta estratégica e uma das primeiras decisões foi um corte significativo nos salários dos principais executivos da companhia (incluindo Shigeru Miyamoto). É verdade que a denominada "guerra das consolas" não é uma corrida ao sprint, mas neste momento o atraso da Wii U em relação à concorrência (PS4 e Xbox One) pode ser determinante, isto tendo em conta que a consola foi lançada no final de 2012.
A concorrência é importante e obriga as marcas a trabalhar pela excelência e nesse sentido o mercado precisa da Nintendo. Será que a companhia tem algum trunfo na manga? Esperamos que sim...
Bruno Mendonça
Muito se fala e escreve sobre o facto da Wii U não estar a vender o que a Nintendo pretenderia. Já se começa até a falar sobre o que a Nintendo deve fazer para resolver este “problema”. As opções variam entre baixar preços, antecipar o lançamento da sucessora ou, mais radical, dedicar-se apenas à produção de software. Alguns gostam ainda de lembrar que a estratégia da Nintendo nunca foi a mais adequada para a Wii U, com um preço muito alto e um poderio gráfico demasiado modesto para a altura em que foi lançada. Claro que dizê-lo agora é fácil, mas o que não me parece nada fácil, ou pelo menos provável, é que a Nintendo dê grandes ouvidos a estas críticas, uma vez que nunca nos habituou a isso. Aliás, se o tivesse feito no passado, se calhar não tinha tido o seu maior sucesso de sempre, como aconteceu com a Wii (muito criticada numa fase inicial de vida), ou até a DS.
A Nintendo é igual a si própria. É a empresa que ainda gosta de brincar nas conferências de imprensa, seja com Miyamoto a subir ao palco de escudo e espada na mão, ou com Satoru Iwata a brincar com Pokémons ou a fazer unboxing a consolas de luvas calçadas. A Nintendo gosta, portanto, de continuar jovem de espírito e evitar tornar-se cinzenta e demasiado elitista, sabendo sempre que é um caminho, talvez, mais arriscado mas também muito mais divertido, diria.
Posto isto, e olhando para o sucesso emergente da PS4, quer mundial como nacional, a Nintendo terá obviamente de reagir, e vai reagir, muito provavelmente com uma baixa de preço. No entanto, e para quem já começa a dizer que a fracas vendas da Wii U deixam a tesouraria da Nintendo em estado crítico, convém relembrar que, tendo em conta o sucesso da Wii, que deu lucro à Nintendo desde o dia do seu lançamento, juntamento com uma série de títulos caseiros que venderam ao mesmo ritmo, quer para a Wii como para as portáteis, a verdade é que terá uma “almofada financeira” suficiente para aguentar um insucesso e, logo de seguida, vir a surpreender novamente, como aconteceu com a GameCube e, logo a seguir, a Wii.
Rogério Jardim
Há vários meses que as badaladas Steam Machines têm feito correr muita "tinta". Desde que a Valve declarou guerra à sala de estar com o conceito de PC modular, a indústria ficou atenta aos próximos passos da gigante de Gabe Newell. Primeiro revelou um sistema operativo, o SteamOS, uma variante de Linux altamente otimizada para o Steam e Big Picture (otimização de menus na ligação às televisões); depois seguiu-se os comandos oficiais (cuja substituição dos manípulos analógicos por digitais tem-me vindo a criar algum ceticismo); depois houve a demonstração do Piston, uma das primeiras máquinas modulares, num exemplo do que seria uma Steam Machine.
Durante o evento CES, no início de janeiro, a Valve revelou finalmente as Steam Machines. Plural, porque são 14 máquinas – para já – oficialmente reconhecidas como tal. Mas o mais estranho, todas elas de fabricantes distintos e nenhuma da Valve, que refere ainda não estar pronta. E mais estranho ainda, o tal Piston não estava no lote. A empresa clarificou depois que não quer ser uma máquina exclusiva para Steam, mantendo ligação com os serviços digitais da Microsoft e Electronic Arts (Origin), por exemplo.
Das máquinas reveladas, todas elas têm em comum serem pequenas caixas compactas, como uma consola, entre designs atraentes e outros bizarros. Mas totalmente distintas no preço – entre os 500 e 6 mil dólares – correspondente aos componentes. Mais memória, melhores placas gráficas ou processadores mais rápidos, existem “máquinas a vapor” para todos os bolsos.
Mas com isto, do que se trata afinal de uma Steam Machine? A designação pode ser fácil – máquinas otimizadas para correr os títulos presentes no serviço Steam, preparadas para serem utilizadas na sala de estar e ligadas ao televisor. Mas então isso não é possível com os portáteis recentes? Com qualquer outro PC que tenhamos utilizado na última década de existência do serviço digital da Valve? Penso que sim, sem dúvida. Não será apenas o “selo” Steam Machine uma certificação oficial da Valve, uma forma de credibilizar o PC; e de uma última instância, cobrar royalties extra aos fabricantes associados e até mesmo aos consumidores?
Terei de trocar o meu PC, com especificações melhores que metade das máquinas reveladas, só porque não tem o tal selo?
Rui Parreira
No meio do êxtase da chegada das novas consolas veio também o fatalismo (ou otimismo, dependendo do ponto de vista) de outros que apontava a nova geração de consolas como a última. Jack Trenton, diretor geral da Sony Computer Entertainment America, apontou que os tablets e smartphones não são uma ameaça, que até, pelo contrário, serão complementares às experiências que são possíveis apenas nas consolas.
Contudo, com o lançamento iminente da beta do PlayStation Now, o serviço baseado na tecnologia do Gaikai que permite aceder a títulos por streaming, parece que são as consolas a avançar com a maior ameaça à sua própria existência. Com uma tecnologia que permitirá, eventualmente, aceder a jogos em computadores com especificações muito inferiores às que os jogos supostamente requereriam se não fossem acedidos por streaming (como o Gaikai originalmente comprovou), qual é a relevância ou apelo das consolas?
Esta tecnologia, se adotada pelos jogadores, poderá inclusive revolucionar o modelo de negócio dominante nas consolas. Em vez de se comprarem jogos porque não alugá-los, especialmente os que se esgotam na componente a solo? Será que a era do digital tornará o físico obsoleto, ficando este reservado para edições limitadas e de colecionador?
De qualquer forma, um futuro em que o objeto físico é justificado somente por ter valor adicional é um futuro mais ecológico e mais otimista em termos de arrumação.
Duarte Pedreño
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