É óbvio que vão dizer que é mesmo coisa de gaja, mas assumo-me com uma ex-viciada em The Sims. Ex, sim, ex, porque há alturas na vida em que temos de ser fortes e dizer não.
Confesso que descobri as maravilhas do clássico algo tarde, mas acreditem que compensei bem o tempo perdido.
Foram horas a instalar original e expansões, com todos os cuidados para não falhar a ordem e lá ter de repetir tudo do princípio.
Mas o verdadeiro drama começou quando criei a minha primeira personagem, construí a minha gigantesca mansão, a decorei com tudo que era mais cara e não dispensei a piscina, o campo de basquete, enfim pequenos luxos virtuais.
Mal chegava ao meu T1 real, corria para o PC, dava umas voltas pela cidade, conversava com estranhos em bares e ia de férias para a neve.
O telemóvel tocava, os amigos convidavam-me para sair e eu desculpava-me sempre. Ou me doía a cabeça, ou tinha um trabalho para entregar no dia seguinte e sei lá que mais. Na verdade, tinha mesmo era de conquistar o vizinho do lado e criar família.
Sofri com a morte do meu primeiro sim, que até hoje é para mim um mistério. Chorei de comoção quando me entregaram o meu primeiro filho. Pulei de alegria quando a minha carreira de actriz começou a dar frutos.
Mas não dava mais. Esquecia-me de jantar, não tinha vida social, dormia duas horas por noite. Um dia enchi-me de coragem, desinstalei tudo e para evitar recaídas, ofereci os jogos. Tenho saudades, muitas…
Não tarda, deixo-me agarrar por The Sims 2, afinal mais vale tarde que nunca.